segunda-feira, 31 de maio de 2010

12ª Coxilha Nativista - 1992


Pesquisa e Reportagem: Rômulo Seitenfus
Fotos: Acervo Coxilha Nativista

Vinte minutos! Este foi o tempo em que o Grupo Internacional de Danças Chaleira Preta prendeu a atenção do público na abertura da 12ª Coxilha Nativista. O ano era 1992 e os bailarinos cruz-altenses já haviam conquistado boa parte do mundo. Os artistas que dançaram até na derrubada do Muro de Berlim para distrair o povo do medo, estava naquele momento provocando o público de um dos maiores festivais de música do Rio Grande do Sul. No palco, o elenco era composto por Regina Célia Tanski, Cariziane Ramos Moreira, Pascale Chaise da Veiga, Larissa Moura Beck, Mariângela Dutra, Hiliara Ferreira, Elisete Lopes, Luciano Moura Beck, Alcides Reis Braga, Fausto Scholze, Vladimir Colombelli e Gilson Agert. Carmem Anita Hoffmann, também diretora artística da 12ª Coxilha Nativista, coreografou os passos que tornaram mágica a 12ª edição do evento. A apresentação de abertura teve uma trilha sonora exclusiva.
Nesse ano, foram introduzidas no palco para cada música concorrente, elementos cênicos ilustrando as canções. Para esse trabalho, a diretora Carminha Hoffmann contou com a colaboração da teatróloga Giane Ries e assessoramento de Vladimir Colombelli, além dos artistas e bailarinos Dulce Jorge, Carlise Pereira, Cristiane Trindade, Gustavo Rocha, Franciele Souza, Bruna Schwertz e Caren Borges.
Era o último ano daquela gestão municipal do prefeito de Cruz Alta Fúlvio Berwanger, que teve como Secretário de Turismo, Desporto e Cultura, o senhor Lídio Schröder. O Ginásio Municipal esteve lotado e das nove canções que foram apresentadas na primeira eliminatória, “Reflexão”, interpretada por Maria Helena Anversa, foi a música concorrente que conseguiu deixar os presentes em pé naquela noite. “Tio Cumpadre” com os “Garotos de Ouro” mexeu muito com o público. O nível musical, no geral, foi considerado bom. “Guerrinha de Giz”, interpretada por Antonio Gringo, que retrata a crise do magistério no governo, ao contrário do que era esperado, manteve o público apático. A primeira eliminatória encerrou a meia-noite, mas o público permaneceu assistindo ao show de “Os Angueras”.
“Procissão”, com letra de Jaime Vaz Brasil e música de Vinícius Brum, na interpretação do Grupo Tambo do Bando, de Porto Alegre, foi a grande vencedora da 12ª Coxilha. Essa música de cunho religioso que fala de fé, foi anunciada como a vitoriosa somente por volta das 3hs da manhã e, nem mesmo o tardar da madrugada impediu a espera do público pelo resultado. O Ginásio Municipal Dr. José Westphalen Corrêa permaneceu lotado. O segundo lugar ficou para “Uma Tarde no Corredor”, música fronteiriça que resgata os valores campeiros. E, em terceiro lugar, o júri optou por “Quem Dá Mais” com Daniel Torres, uma forma de canto ao Taim, com letra de José Fernando Gonzales e Talo Pereyra e Vinícius Brum. De fato, foi a Coxilha mais longa da história. O público não queria deixar o Ginásio Municipal.

O Disco



PAISANO SOU – Lúcio Yanel
REFLEXÃO – Maria Helena Anversa
ZAORIS – Maria Luiza Benitez
PROCISSÃO – Grupo Tambo do Bando
TÁ RELAMPEANDO – Angelino Rogério
À PROCURA DO TEINIAGUÁ – Fátima Gimenez e Léo Almeida
UMA TARDE NO CORREDOR – José Cláudio Machado e Elton Saldanha
QUEM DÁ MAIS – Daniel Torres
GENUÍNO – Adilson Moura
FULANOS E CICRANOS – Neto Fagundes e Bebel Alves



O Grupo Internacional de Danças Chaleira Preta realizou a abertura do Festival

Pemiações:

1º LUGAR: Procissão – Jaime Vaz Brasil e Vinícius Brun; Grupo Tambo do Bando

2º LUGAR: Uma Tarde no Corredor – José Cláudio Machado e Elton Saldanha.

3º LUGAR: Quem Dá Mais – José Fernando Gonzáles, Talo Pereyra, Vinícius Brum; intérprete Daniel Torres.


Vencedora da 12ª Coxilha Nativista - 1992

Procissão – Grupo Tambo do Bando
(Jaime Vaz Brasil - Vinicius Brum)

A multidão caminhante
A multidão transpirante
Desfiamos o rosário nos degraus deste calvário
Exortamos heresias e depois na romaria
Enjaulamos a cadeado alguns dos nossos pecados

Oh! E a nossa prole crescente
Aguardamos impacientes
Que desponte um milagreiro
Em meio a tantos desejos

Que através das oferendas
Por um tempo de remendam
A nossa alma ruída
Pelas agruras da vida

Sabemos
Que apesar das liturgias
A fome nos segue há dias
Que apesar das benzeduras
Estamos longe da cura
Que apesar dos sacramentos
Mantemos nossos tormentos

Também sabemos que a fé
Às vezes balança
Na gangorra da esperança

Mas acreditar é preciso
E por isso seguimos
Em nossa estrada
Pois todos sabemos
Que alem da fé
Não temos mais nada

11ª Coxilha Nativista - 1991

Pesquisa e Reportagem: Rômulo Seitenfus
Fotos: Acervo Coxilha Nativista

O ano era 1991 e a gestão municipal era de Fulvio Berwanger, que teve como Secretário de Turismo, Desporto e Cultura, o senhor Odir Carvalho.
Acontecia a primeira noite da 11ª Coxilha Nativista. O início, com a apresentação das 12 primeiras músicas classificadas do festival, julgou a livre interpretação, instrumentação, caracterização cênica e coreografia dos candidatos que subiram no palco. O regulamento manteve como obrigatório o uso de pilcha ou vestimenta relativa ao tema para todos os que apresentassem. A Comissão Julgadora foi a mesma que pré-selecionou os trabalhos, mantendo os requisitos: poesia, tema, harmonia e ritmo.
Diferente do ano anterior, que haviam sido abominados os shows de intervalo, os artistas que não concorriam, apresentaram-se trazendo-os de volta. Nesse ano, o festival elevou ao palco o sucesso do cantor Sérgio Reis, na época interpretando o personagem “Tibério” na novela Pantanal, da Rede Manchete. O artista apresentou músicas de cunho sertanejo, como a trilha sonora da novela e outras músicas que o consagraram como cantor. Ele expressou a visão e imagem do evento que levou consigo.
- É importante o que vocês fazem aqui no sul. Vocês tocam e gostam da sua música. Vocês gostam de usar bombacha e tomar chimarrão – descreveu Sérgio Reis.
Pelo 11º ano consecutivo, o apresentador Adauto Mastella Basso, comandou as apresentações das edições da Tertúlia na “Cidade de Lona”, que acontece todas as noites após o encerramento da programação do ginásio.
O baile oficial da Coxilha ocorreu no Pavilhão I do Parque Integrado de Exposições de Cruz Alta, e contou com significativas atrações, entre elas, as participações especiais de Neto Fagundes e Mano Lima. Uma surpresa entre os visitantes, foi a presença do “Baixinho” da Kaiser – empresa patrocinadora do festival – que veio especialmente de São Paulo para a grande festa do nativismo gaúcho.
Durante o baile foram anunciadas as dez composições classificadas para a grande finalíssima da noite de domingo, dia 21, que foram apresentadas no Ginásio Municipal Dr. José Westphallen Corrêa. O anúncio foi efetuado por Antônio Augusto “Nico” Fagundes.
“Acordes de Chamamé” foi a grande vencedora do festival naquele ano que, agradou o público com a interpretação de Antonio Gringo e Nenito Sarturi. A escolha dos 2º e 3º lugares também conferiu preferência popular, que aplaudiu de pé “Quando o tempo perde as Esporas” e “Luas de Espera”, duas toadas de Sérgio Bojas e Sérgio Rosa, respetivamente. Uma pesquisa pelos meios de comunicação da cidade levantou “Bugio do Bicho”, com interpretação de Angelino Rogério. Entre o público foi também bastante votada a música “A Dama e o Valete” com Lomma e Neto Fagundes, uma interpretação teatral que arrancou aplausos.
Na última noite da Coxilha Nativista, quando foram anunciadas as vencedoras, o grande ápice foi o show de encerramento dos Fagundes. O público exigente pediu “Bis”.

O Disco



Segredos dos Botões desta Cordeona (com Juscelino Machado)
Filosofia de Andejo (Chimarrita com Luiz Marenco)
Quando o Tempo perde as Esporas (com Sérgio Rojas, Vitor Peixoto e João Vicente)
Luas de espera (com Antonio Gringo e Os Quatro Ventos).
Verso e Canto ao Taim (com Carlos Catuípe e Lúcio Soares)
Changa Para Um Cantador (com Elmo de Freitas e Os Campeiros)
A Dama e o Valete (com Lomma e Neto Fagundes)
Uma Canção Para Refletir o Sul (com Lênin Nunes e Eraci Rocha)
Acordes de Chamamé (com Antonio Gringo e Nenito Sarturi)
Bugio do Bicho (com Angelino Rogério)


Classificação Geral:

1º LUGAR: Acordes de Chamamé – Troféu Capitão Rodrigo
2º LUGAR: Quando o Tempo Perde as Esporas – Troféu Capitão Rodrigo – Prata
3º LUGAR: Luas de Espera – Troféu Capitão Rodrigo – Bronze
MELHOR INTÉRPRETE: César Passarinho
MELHOR ARRANJO: Antonio Gringo




O idealizador da Coxilha Nativista,

Baianinho e a esposa jornalista Veronice Mastella,

a primeira dama do evento


Vencedora da 11ª Coxilha Nativista - 1991

Acordes de Chamamé – Nenito Sarturi e Antonio Gringo
(Nenito Sarturi – Sérgio Rosa)

Quando escuto uma cordeona
Retrechando chamamé
Me lembro dos bailes costeiros
A luz de candeeiro lá em Santa Fé

Revejo a balsa deslizando
Sinete cortando o Uruguai
E sobre a proa pulando e cantando
Alegre entoando um sapucai

Chamamé santa fecino
Que desde menino me enfeitiçou
Com os teus acordes no meu caminho
Não ando sozinho por onde vou

Nestas quebradas e coxilhas
Os teus acordes se ouvirão
Vou renascendo nas flexilhas
E campeando trilhas por esse chão

Mas quando bebo de tuas fontes
Deslumbro horizontes por cruzar
O teu som continentino
Parece um hino a me embalar

10ª Coxilha Nativista - 1990


Pesquisa e Reportagem: Rômulo Seitenfus
Fotos: Acervo Coxilha Nativista

A 10ª Coxilha Nativista ocorreu entre os dias 21 a 29 de Julho de 1990. Liára Zago e Luiz Alberto Pereira foram os apresentadores que mais uma vez presentearam com vozes genuinamente cruz-altenses.
Participaram da pré-seleção 355 composições, sendo que, 24 foram classificadas para subirem ao palco do festival. Seis delas abordaram o tema ecológico.
Cumpria sua gestão municipal, o Prefeito Fulvio Berwanger. O Secretário de Turismo, Desporto e Cultura, era Lydio Schröeder. A Comissão Executiva da 10ª Coxilha esteve formada por Alfredo Muller, Almedorino Furtado e Derbi Prestes Costa.
Pela primeira vez na história do evento, havia sido escolhida em Comissão Julgadora a 1ª Prenda da Coxilha. Um baile no Clube Internacional animado pelo Grupo “Tchê Guri” embalou os presentes. Disputaram o título, as candidatas cruz-altenses Patrícia dos Santos Farias, Fabiana Cortes e Silvia Regina, além de Elenir Carmem Morgensten, de Panambi, Maria Cristina Schussler, de Ibirubá e Maria Elisabete Barcellos Nunes, de Tupanciretã. O júri, responsável pela escolha, foi composto por Alba Alice Bonilla, Jorge Nicola Prado, Ana Elise e Aldomar de Castro. Patrícia dos Santos Farias foi a eleita.
Neste ano de 1990, várias novidades foram realizadas. O “1º Gaitaço” ocorreu na primeira noite do evento. Das 12 finalistas concorrentes, quatro músicas conseguiram levantar o público. A grande vencedora do prêmio foi escolhida ainda nesta primeira noite. A vencedora foi “Pealeando”. Um chamamé de Nelsi Vargas, da cidade de Dom Pedrito. A canção não agradou as pessoas presentes, chegando ser vaiada durante a revelação do resultado. Talvez uma injustiça por parte do público que não estava preparado para ouvir músicas que não fossem campeiras.
O Corpo de Jurados durante as eliminatórias no Ginásio Municipal não sofreu alterações. Teve como componentes: Tio Bilia, Gilberto Monteiro, Gaúcho da Fronteira, Airton Machado e Renato Borghetti.
Outra grande novidade da 10ª edição é que, a Coxilha Nativista teve um grupo de madrinhas. Neolange Brandão, Vera Yung, Maria Augusta Vieira, Adélia Furian e Irma Beck, integraram a equipe que teve como objetivo, reafirmar o espírito de hospitalidade que caracterizou o evento. Elas foram responsáveis pela recepção de convidados, autoridades, músicos e compositores, além de apresentar-lhes a culinária e principais pontos turísticos da cidade.
Cerca de 3.000 pessoas estiveram presentes no ginásio. Nesta primeira noite, o show que abriu toda a programação foi do cantor e gaiteiro Gilberto Monteiro. Como havia sido decidido pela comissão, não haveriam mais shows de intervalo como nas edições anteriores. Somente de abertura e encerramento. Gaúcho da Fronteira mostrou os sucessos de seu LP que estava no auge em repercussão nacional e internacional.
Foram destaques no entretenimento artístico que compôs o palco, o Grupo de Danças Chaleira Preta e o Coral Mário Moraes. A cantora Fátima Gimenez realizou seu show com popularidade.
Na segunda noite, primeira eliminatória da 10ª edição do festival, aconteceu a retrospectiva que reuniu os vencedores das nove edições anteriores. Os artistas ganhadores até aquele ano, apresentaram as músicas que fizeram história.
Na terceira noite e última eliminatória, foram apresentadas mais 12 concorrentes, mas a grande atração foi o show de abertura com Délcio Tavares. O nível das canções agradou o público.
No domingo, último dia de festival, o show de encerramento foi com Renato Borghetti e logo após a apresentação das oito músicas classificadas para a Coxilha Piá. O encerramento aconteceu com a reapresentação das vencedoras da 10ª Coxilha Nativista.
O resultado final foi uma surpresa para as 5.000 pessoas aproximadamente que lotaram o ginásio para assistir a finalíssima do festival. “Açude”, a música vencedora, interpretada por Maria Luiza Benitez, não estava sendo apontada pelo público e imprensa como uma forte candidata. Quando anunciada como vencedora, vaias foram ecoadas que, aos poucos somaram-se aos aplausos. O segundo lugar, “Um Sonho Antigo”, com Antônio Gringo e o Grupo Os Quatro Ventos, cogitada desde a primeira eliminatória como uma das favoritas, foi recebida pelo público com entusiasmo e vibração. A classificação do grupo cruz-altense “Os Garotos de Ouro” em 3º lugar, com “O Bugiu e as Macacas”, também causou surpresa já que, a maioria estava esperando pela indicação de Música Mais Popular.
Estava encerrada a 10ª edição da Coxilha Nativista. Comemorava-se assim a primeira década do grande festival.

Disco da 10ª Coxilha Nativista - 1990




Açude – Maria Luiza Benitez
(Prado Veppo – Mario Barros)


O Bugio e as Macacas – Os Garotos de Ouro
(Vaine Darde – Juliano Trindade)


Terra Molhada – Fátima Gimenez
(Maria Dinorah do Prado – Joãozinho Pereira)

Os Guerrilheiros de 23 – Leopoldo Rassier
(Jaime Vaz Brasil – Pedro Guerra – Airton Pimentel)


De Um Campesino Romance – Wilson Paim
(Paulo Mendonça – Wilson Paim)


Pachola – Luiz Marenco
(Jaime Brum Carlos – Luiz Marenco)


Um Sonho Antigo – Antonio Gringo e os 4 Ventos
(Salete Souto Caramão – Nenito Sarturi)

Retrato do João Cuiudo – Luiz Marenco
(Jaime Caetano Braum – Luiz Marenco – Rodrigo Machado)


Sonhos – Neto Fagundes
(Gregório Bonilla – Lucio Yanel)


Truco de Mano – Raul Quiroga
(Alvandy Pereira Rodrigues – Raul Quiroga)


Rancheira do Lenhador – Wilson Paim
(Luiz Godinho – Luiz Cardoso)


Pealando – Nelcy Vargas (Solo Instrumental)
(Nelcy Vargas)


Premiações:

1º Lugar - AÇUDE - De Prado Veppo e Mario Barros com Maria Luiza Benites (OURO)


2º Lugar - UM SONHO ANTIGO - de Salete Souto Caramão e Nenito Sarturi, com Antonio Gringo e os 4 Ventos (PRATA)


3º Lugar - O BUGIU E AS MACACAS - de Vaine Darde e Bonitinho, com Os GAROTOS DE OURO (BRONZE)

PREMIAÇÃO ESPECIAL:

Melhor Interprete: Maria Luiza Benites
Melhor Instrumentista: Lúcio Yanel
Melhor Arranjo: TERRA MOLHADA
Melhor Composição Temática: UM SONHO ANTIGO
Musica Mais Popular: RETRATO DO JOÃO CUIUDO
lº Lugar no GAITAÇO: Musica PEALANDO de Nelcy Vargas (Instrumental)

sexta-feira, 14 de maio de 2010

9ª Coxilha Nativista - 1989

Pesquisa e Reportagem: Rômulo Seitenfus
Fotos: Acervo Coxilha Nativista

A primeira noite da 9ª Coxilha iniciou com a apresentação das 13 primeiras músicas concorrentes num total de 26.
O ano em que o Prefeito Municipal era Fúlvio Berwanger e o Secretário de Turismo, Lídio Shoroeder. A Coordenadoria Executiva estava representada por Wolnei Santos Marchioro, Waldomiro Castilho e José Aldomar de Castro. O Coordenador de Infraestrutura foi Nilo Araújo. A Coordenação Artística era de Nelson Rubert.
Os shows de intervalo foram apresentados pelos grupos “Os Gaúchos” e os “Bombachudos”, ambos da capital, e o cantor Paulo Silva.
O público lotou o ginásio na primeira noite mas, o nível musical não agradou. Das 13 composições apresentadas, apenas tres conquistaram aplausos calorosos do público. Como já era esperado, o grande número de milongas provocou um certo cansaço para a plateia. Quanto ao nível musical também houveram reclamações. O entusiasmo que parecia surgir com a presença de grandes intérpretes como João de Almeida Neto, Léo Almeida, Daniel Torres, Eraci Rocha, entre outros, morria nos primeiros versos. A maioria do público achou que o nível deixou muito a desejar, saindo descontentes. Eles reclamavam a volta às raízes da Coxilha, com maior número de ritmos como bugio e chamamé. Em contrapartida, houveram pessoas que mostraram-se satisfeitas com o evento, argumentando que o nível em relação ao ano anterior mostrou-se superior. Muita gente reclamou da qualidade do som no Ginásio Municipal que, por defeitos técnicos, prejudicou algumas interpretações. Os shows de Paulo Silva e os grupos “Os Gaúchos” e “Os Bombachudos”, também não conseguiram arrancar grandes aplausos do público.
Na segunda noite, foram escolhidas as doze finalistas do festival para compor o disco. As composições subiram novamente ao palco para serem reapresentadas ao público.
A terceira noite, a finalíssima da Coxilha naquele ano, era grande porque pela primeira vez em nove anos, as concorrentes foram escolhidas entre as 26 e não em cada noite, evitando assim que as músicas de qualidade fiquem fora do disco e dos primeiros lugares. Os shows de intervalo foram animados pelo famoso Corpo Stávio da Escola Municipal de Danças Nativas da Superintendência de Possadas, Argentina. A apresentação se dividiu em duas partes. A primeira, show de danças nativas e a segunda com o Grupo “Marangatu”. A segunda eliminatória da 9ª Coxilha Nativista, repetiu o sucesso em público. O nível musical melhorou, mas não atingiu os índices de festivais anteriores como a 6ª e 7ª edições, que apresentava um público definido quanto as músicas. Duas composições foram aplaudidas. Águas de Dentro e Bugio Proletário. Os shows de intervalo, que sempre causaram expectativa, desta vez não agradaram.
Na última noite, foram apresentadas as 12 músicas que fazem parte do disco da 9ª Coxilha.
“Águas de Dentro” vence o festival daquele ano.

Música Vencedora da 9ª Coxilha Nativista – 1989

Águas de Dentro – Delcio Tavares
(José F Gonzales, Talo Pereyra e Luiz Bastos)

Os rios que carrego
Tem águas vermelhas
Mais rubras que as águas
no alto Uruguai

São águas paridas
Na fonte da vida
Vertentes perdidas
Na história dos pais

Nas águas de dentro
No rio das funduras
Navegam sementes
Plantadas em nós

São águas maduras
As águas vermelhas
Os veios antigos
Que vem dos avós

As águas de dentro
São águas de mim
Farão corredeira
Além do meu tempo
Depois do meu fim

As águas de herança
Dos rios que carrego
Vermelhas da ânsia
De antigos caudais

Tem força de braço
No corte do relho
E remanso sereno
Na luz de ancestrais

Os rios que carrego
Farão descendência
Somando as memórias
Trazidas de mim

E as águas de dentro
Serão corredeiras
Nas veias dos filhos
Depois do meu fim

O Disco



LADO A

1. Águas de Dentro – Delcio Tavares
(José F Gonzales, Talo Pereyra e Luiz Bastos)

2. Ronda Redonda – João Almeida Netto
(Tadeu Martins e João Almeida Netto)

3. Nossas Mãos – Leo Almeida
(José Gaspar Machado e Lênin Nuñes)

4. Reflexões de Um Cantador – Ivo Fraga
(Dilan Camargo e Sérgio Rojas)

5. Pra Machucar a Saudade – Leo Almeida
(Jorge Nicola Prado e Juliano Trindade)

6. Homem Cavalo – Raul Quiroga
(Dirceu Abrianos)

LADO B

1. Bugio do Proletário – Ivonir Machado e Garotos de Ouro
(Helena Fontana e José Alves Camargo)

2. Bibiano no Porto – Talo Pereyra
(Vaine Darde e Talo Pereyra)

3. Mala nos Tentos – João de Almeida Netto
(Gaspar Machado e Osmar Carvalho)

4. Ginete Sem Razão – Leo Almeida
(Orlando Jardim Fonseca)

5. Milonga da Sobrevivência – Leandro Cachoeira
(Sergio Nape e Leandro Cachoeira)

6. Ronda Noturna – Miguel Marques
(Jaime Brume Carlos, Nenito Sarturi e Sabani F. Souza)

PREMIAÇÃO

1° Lugar: Águas de Dentro (Troféu Erico Verissimo)
2° Lugar: Nossas Mãos (Troféu Ana Terra)
3° Lugar: Bibiana do Porto (Troféu Bibiana)

Música Mais Popular: Bugiu do Proletário (Troféu Capitão Rodrigo)
Melhor Instrumentalista: Antonio Rocha
Melhor Intérprete: Delcio Tavares
Melhor Bugiu: Bugiu do Proletário
Melhor Chote: Crioulo do Bororé
Melhor Vaneira: Velório do Chico Lua
Melhor Letra: Nossas Mãos

8ª Coxilha Nativista - 1988

Pesquisa e Reportagens: Rômulo Seitenfus
Fotos: Acervo Coxilha Nativista

Entre as noites de 28 a 31 de julho de 1988, aconteceu a 8ª Coxilha Nativista.
A grande inovação daquele ano foi o lançamento do primeiro disco da Coxilha Piá que revelou pequenos grandes talentos.
Na gestão do prefeito Dr. José Westphalen Corrêa, a organização foi regida novamente pelo Secretário de Turismo Luiz Côrtes Véscia, juntamente com o Coordenador Geral , Mario Roberto Rizzi e os Coordenadores Executivos Erineu Lauro Vargas e Wolnei dos Santos Marchioro, o Executivo da Coordenadoria, Gilberto Lamaison, e o Coordenador de Infraestrutura e Palco, Nilo Araújo. O Coordenador Artístico foi Paulo Roberto Finger.
O Corpo de Jurados esteve composto por Adair de Freitas, João Alberto Pretto, Luiz Carlos Borges, Martin Agnoletto, Mauro Ferreira, Ruy Pedro Schmitz, e Ayrton Pimentel. O Grupo de Danças Chaleira Preta realizou o show de intervalo.
Rejane Noschang, da TV Gaúcha, e Sérgio Schiller, da TVE, foram os apresentadores daquele ano.
O nível musical melhorou na segunda noite em relação à primeira. Essa melhora foi demonstrada pelo público que mostrou-se bem mais animado e participativo. Isso deveu-se também aos ritmos apresentados que variam com muitos bugios e rancheiras. Várias interpretações foram aplaudidas em pé como “Bugio Sem Refrão”, com os Garotos de Ouro”, não foi classificada, e “Tabatinga Amarela”. O “Dança Show” de Porto Alegre, foi considerado qualificado.
Numa noite típica dos grandes festivais, com o ginásio completamente lotado e um bom nível musical, a terceira e última eliminatória da 8ª Coxilha aconteceu com o ginásio completamente lotado. Na grande finalíssima, o público saiu satisfeito com as 12 músicas escolhidas, além de prestigiar grandes interpretações como Leopoldo Rassiê, Eraci Rocha, Ninito Sarturi e David Menezes, que voltou a empolgar o público com a interpretação da Viva Cueca Vanerão, outra forte candidata ao título de Mais Popular.
Os destaques da noite ficaram com Maragatos e Chimangos, Deixada Só e Olhos Verdes. A última música, por decisão da Comissão Julgadora, não foi apresentada. Era Prosa de Bolicho, de João Ari Ferreira, que falava da situação política do governo naquela fase. Em seu lugar foi apresentada a interpretação de Ninito Sarturi, Adante, que deveria ter sido levada ao público na primeira eliminatória.
Transmitida pela TV Bandeirantes e TV Pampa, “Deixada Só”, foi a grande vencedora.

Música Vencedora da 8ª Coxilha Nativista – 1988

Deixada Só – Elton Saldanha e Rui Biriva
(Tadeu Martins, Elton Saldanha e Carlos da Silva)

Situada aos olhos doces de quem cruza
Perdida no enô de campo triste e linda
Entre o capão e o varzedo que raleia
Sempre ventando o arvoredo que verdeia

Tapera, sozinha
Tapera, sozinha

Uivos de vida nos mourões cravados
Com paradouros mansos que a ventania vem socorrer
Cada rajado santa fé esmiúça e a timbaúva escaramuça
Soluça, soluça, entardecer

Deixada só
Deixada, nos beirões do pampa
Adentrando a cerca nos bambugais

Tapera nova
Arvoredo velho
No lar da gente
Não mora mais

O Disco




LADO A

1. Deixada Só – Elton Saldanha e Rui Biriva
(Tadeu Martins, Elton Saldanha e Carlos da Silva)

2. Viva a Cueca Vanerão – David Meneses
(Nilo B. de Brum e João Almeida Neto)

3. Fim de Mês – Cesar Passarinho
(Mauro Moraes e Juliano Trindade)

4. Degola – Léo Almeida
(Roberto S. Ferreira e André M. da Fonseca)

5. Maragatos e Chimangos – Nelson Cardoso
(Vilmar Vila de Menezes e Nelson Cardoso)

6. A Morte Branca Desenhou Meus Campos – Ivo Fraga
(Jaime Vaz Brasil e Pery Souza)


LADO B

1. Aves de Arribação – Neto Fagundes e Grupo Contrabando
(Aparício S. Rillo e Luiz Bastos)

2. Tabatinga Amarela – Bagre Fagundes e Grupo Contrabando
(Antonio Augusto Fagundes e Neto Fagundes)

3. Dia a Dia das Capitais – Daniel Torres e Os Garotos de Ouro
Vocais: Rui Biriva e Elton Saldanha
(Elton Saldanha e Juliano Trindade)

4. Surungo de Rancho – Roberto Carlan e Os Mau Dormidos
(Miguel Antonio Bica e Luiz Bastos)

5. Namorada – João Almeida Neto
(Robson Barenho, Talo Pereyra e João Almeida Neto)

6. Ditando a Rancheira - Loma
(Amauri Beltrão de Castro)


PREMIAÇÃO

1° Lugar: Deixada Só (Troféu O Carreteiro)
2° Lugar: Aves de Arribação (Troféu Erico Verissimo)
3° Lugar: Dia a Dia das Capitais (Troféu Ana Terra)
4° Lugar: Degola (Troféu Pedro Missioneiro)
5° Lugar: Maragatos e Chimangos (Troféu Bibiana)

Música Mais Popular: Viva a Cueca Vanerão
Melhor Bugiu: Surungo de Rancho
Melhor Instrumentalista: Ernesto Fagundes
Melhor Arranjo: Degola
Melhor Intérprete: Ivo Fraga

Melhor Letra: A Morte Branca Desenhou Meus Campos

sexta-feira, 7 de maio de 2010

7ª Coxilha Nativista - 1987

Pesquisa e Reportagem: Rômulo Seitenfus
Fotos: Acervo Coxilha Nativista

As noites frias de 23 a 26 de julho do ano de 1987, ficaram mais aquecidas pelo calor humano do público que se fez presente no Ginásio Municipal José Westphalen Corrêa.
Para a 7ª Coxilha, Fúlvio Berwanger mais uma vez foi o convidado a presidir a Comissão Executiva Central, que contou com a colaboração de Valdir João Manjabosco e Hamílcar Jordano Cé.
Faltando vinte dias para o evento, uma pesquisa nos hotéis da cidade surpreendeu a imprensa. Todos estavam lotados, não aceitando mais reservas, tamanho o sucesso.
Von Stein, o artista plástico responsável pelos troféus da Coxilha Nativista, comunica a imprensa que esse é o último ano a assinar os troféus. Segundo ele, estava cansado de criar sempre o mesmo estilo, sem inovar. Embora a cada ano viesse acrescentando algo nas esculturas, considerava-as sempre parecidas, “cópias do seu próprio trabalho”. Na verdade, suas obras eram incansáveis. Encantavam os olhos dos admiradores artísticos.
Tres gigantescos outdoors foram instalados nas principais ruas de Cruz Alta. Tratava-se de quatro metros quadrados de obras de arte produzidas e assinadas pelas artistas Tuca Almeida, Neusa Cancian, Maristela Macagnan e Maria Aparecida Camargo, retratando temas nativistas.
Os apresentadores Leopoldo Rassier e Maria Luiza Benitez, deram um show de voz.
Pela primeira vez na história do festival, a Loteria Estadual não divulgou a Coxilha nos bilhetes. Todos os anos era realizada uma chamada comunicando as datas do evento.
Sahra Westphalen Corrêa, a primeira dama do município de Cruz Alta, desfilou pela sétima edição do evento com um belo vestido desenhado por Marilu, estilista da tradicionalíssima Casa Stella.
Na primeira noite, as 12 primeiras concorrentes não animaram muito a plateia, colocando-se abaixo das expectativas. Na segunda noite o nível melhorou, segundo presentes que manifestaram opiniões para jornalistas que cobriam o evento. Na última noite em apenas duas músicas o público não vibrou.
Os shows de intervalo foram enriquecidos pela Orquestra Harmônica de Curitiba, Grupo de Folclore “Os Gaúchos”, de Porto Alegre e Horácio Guarany, que apresentou-se pela primeira vez no Brasil.
Com o ginásio praticamente cheio, às duas da manhã da última noite, foi anunciada “Rio de Lágrimas” como a grande vencedora.


Vencedora da 7ª Coxilha Nativista - 1987

Rio das Lágrimas – Délcio Tavares
(Dilan Camargo e Newton Bastos)

Eram armas de Castela
Contou a velha mestiça
De Portugal também vinham
E a paz nos olhos não tinham

Chereçá Apacuí
Chereçá Apacuí
Nas coxilhas de Marica
Nas serras do Batovi

O rio nasce dos olhos
A luz nasce do olhar
A lágrima dos vencidos
Em vida se transformar

Rio das lágrimas
Rio das lágrimas
Correnteza de tristezas
Quando Sepé chorou

Ameríndio esse rio
É um fio, filete, caudais
A lágrima dos vencidos
Não se chora nunca mais
Não se chora nunca mais
Nos campos meridionais

DISCO



LADO A

1. Rio das Lágrimas – Délcio Tavares
(Dilan Camargo e Newton Bastos)

2. Me Chamo Terra – Daniel Torres
(Jayme Caetano Braum e Lúcio Yanel)

3. Cismas – Neto Fagundes
(Mauro Sérgio Moraes)

4. Pó do Pampa – Os Lendários
(Luiz C Miranda Batista e Oldemar Gerardt)

5. Canto do Renegado – Miguel Marques e João Almeida Netto
(Nilo Bairros de Brum e Miguel Marques)

6. Barqueiro do Jacuí – Elton Saldanha e João Almeida Netto
(José Hilário Retamozo e Elton Saldanha)

LADO B

1. O Vento e o Payador – Léo Almeida
(Jayme Caetano Brum e Talo Pereyra)

2. Repassando a Vida – Garotos de Ouro
(Tonhinho Silva, Helena Fontana e Rossi Arrua)

3. Canção da Noite – Elton Saldanha
(Elton Saldanha e Juliano da Costa Trindade (Bonitinho)

4. Posteiro da Utopia – Grupo Itapevi
(Armando Vasquez dos Santos e Valdir Santana Monteiro)

5. Volta à Querência – Rossano Arieta
(Luiz Carlos Narvaes, Roque Pibernat e Valdir Santana Monteiro)

6. Haja Fole – Anildo Lamaison de Moraes
(Anildo Lamaison de Moraes)


PREMIAÇÃO

1° Lugar: “Rio das Lágrimas” (Troféu “O Carreteiro”)
2° Lugar: “O Vento e o Payador” (Troféu “Erico Verissimo”)
3° Lugar: “Me Chamo Terra” (Troféu “Ana Terra”)
4° Lugar: “Cismas” (Troféu “Pedro Missioneiro”)
5° Lugar: “Barqueiro do Jacuí” (Troféu “Bibiana”)

- Música Mais Popular: “Haja Fole”
- Melhor Intérprete: “João Almeida Netto”
- Melhor Conjunto Vocal: “Grupo Fandango”
- Melhor Instrumentalista: “Lúcio Yanel”
- Melhor Arranjo: “Rio das Lágrimas”
- Melhor Indumentária: “Grupo Fandango”

6ª Coxilha Nativista - 1986

Pesquisa e Reportagens: Rômulo Seitenfus
Fotos: Acervo Coxilha Nativista

A 6ª Coxilha Nativista iniciou com uma das mais fortes contribuições, até mesmo com o número de inscrições, que chegou a 416, superando os anos anteriores. O júri da pré seleção foi unânime em afirmar para a imprensa naquele momento que, a expectativa estaria depositada nas interpretações e que não havia dúvidas quanto à qualidade musical dos trabalhos inscritos. O alto nível musical estava garantido. A responsabilidade de manter um festival do porte da Coxilha Nativista em um nível cada vez mais elevado, estava sendo cobrada por boa parte da população. O evento havia alcançado um patamar e conquistado o cenário artístico-cultural até mesmo em âmbito internacional. A Comissão Executiva era formada por Fulvio Berwanger, Gilberto Dalla Nora, Luís Côrtes Véscia e o idealizador da 1ª Coxilha, Antônio Augusto Sampaio da Silva, o Baianinho, que volta a atuar no evento em que foi o criador. Desta vez como Coordenador da Programação da 6ª Coxilha. Na decoração, o palco evocou os primórdios lendários da fundação da cidade do Divino Espírito Santo, com um painel de acrílico (móvel), iluminado por trás, retratando a Lenda da Fundação de Cruz Alta, obra da artista plástica cruz-altense, Cida Camargo. Para a segunda noite, o painel abordou a Lenda de Anahí, a princesa guerreira. A terceira noite trouxe a Lenda da Lagoa do Cemitério e, na quarta, a mais famosa de todas: A Lenda da Panelinha. A criação dos demais componentes na decoração do palco, foram criados pelo engenheiro Nilo César Paula Araújo. No fundo, um verso de Jorge Nicola Prado: “Nativo é o que brota, livre, na terra que lhe gerou. É tradição... É memória... Consciência do que ficou!”O corpo de jurados foi composto por Glênio Fagundes, Sônia Abreu, Leopoldo Rassier, Sérgio Napp, Daniel Moralez, Doli Costa e Anildo Lamaison de Morais. A escolha do grupo de jurados foi atenção especial que todos dispensaram ao convite dirigido, e principalmente, a indiscutível capacidade e conhecimento que ambos possuem, e que exige o veredicto de um festival, como definiu naquele ano, o fotógrafo e jornalista da Revista Tarca, Tunde Munhoz: “De onde não se sai disco ruim”. A apresentação do evento foi muito bem conduzida pelo ator e comunicador da RBS TV naquele ano, Ubirajara Valdez e pela Comunicadora da Rádio Guaíba e Diretora do Departamento de Cultura da Assembleia Legislativa, Eunice Flores. Os shows de intervalo tiveram as apresentações dos artistas Sivuca, e do grupo que acompanhava a cantora Mercedes Sosa pelo mundo, o América Canta, além de Dante Ramon Ledesma, do Grupo de Danças Chaleira Preta e dos músicos Cenair Maicá, Pedro Ortaça, Dedé Cunha e Chaloy Jará.O Coordenador da Programação de Shows, Antônio Augusto Sampaio da Silva, manteve na noite de encerramento, o “Entrevero”, que reúne no palco todos os artistas musicais concorrentes do festival.“Vaga para o Vento” foi a grande vencedora.


Vencedora da 6ª Coxilha Nativista – 1986

Vaga Para o Vento – Eraci Rocha
Letra e Música: Oacy Rosenhaim, Hermeto Silva e Beto Castelarim

Vê bem esse vento gelado que passa
Que sopra fumaça e verga o tarumã

Que é puro selvagem
E marca passagem
Cortando até alma
Nas frias manhãs

Escuta essa voz e reflete contigo
Nesse canto antigo de falas divinas
Que corta as coxilhas
Embala as flexilhas
E assusta até o flete agarrando suas crinas

De onde virá?
Qual será seu destino?
Gaudério e peatino
Sem rumo e sem trilha
Trará na memória
Por rastro de história
As patas do tempo pingaço que encilha
O que terá visto?
O que irá presenciar?
No seu galopar por planuras e montes
Trará em sua mala esvoaços de pala
Ou negras mortalhas de trás do horizonte
Ouviste esse grito tão velho e sofrido
Se ora aguerrido ora triste profundo

Nas vezes sem conta que nuvens reponta
Rever o padrinho pros duelos do mundo

O vento minuano é que inspiro esta vaga
Que varre essas quadras

Nas frias manhãs
Que é puro selvagem
Que marca passagem
Soprando a fumaça a vergar tarumã


DISCO



LADO A

Vaga Para o Vento – Eraci Rocha
Letra e Música: Oacy Rosenhaim, Hermeto Silva e Beto Castelarim

Tempo Novo – Ivonir Machado
Letra e Música: Helena Fontana e Miguel Tadeu D. Marques

Temporais – João Quintana Vieira
Letra e Música: Helena Fontana e José Camargo

Da Bíblia do Semeador – César Lindemeyer
Letra e Música: Aparício Silva Rillo e Odemar S. Gerherdt

Assim no Más – Clemar Guglielmi
Letra e Música: Ubirajara Raffo Constant e Francisco Alves

Mulato Serafim – Wilson Paim
Letra e Música: Paulo Silveira, Rubens Fialho e Wilson Paim


LADO B

Fandanguinho Não, Fandangaço- David Menezes Jr. e João de Almeida Neto
Letra e Música: Nilo B. de Brum, Luiz Bastos e Maria Luiza Benitez

Milonga de Um Combate no Cárcere – Ivo Fraga
Letra e Música: Jaime Vaz Brasil e Sérgio Rojas

Nazarenas Cantadeiras – Daniel Torres
Letra e Música: Jaime Brum Carlos e Maurício M. da Silveira

Toada do Peão Solito – Miguel Tadeu D. Marques
Letra e Música: Miguel Tadeu D. Marques e José Ataides Sarturi (Nenito)

Coxilha e Milonga – João de Almeida Neto
Letra e Música: Jorge Nicola Prado, Miguel Tadeu D. Marques e Juliano Trindade

História – Délcio Tavarres
Letra e Música: Newton Bastos e Roberto Schaan Ferreira


VENCEDORAS DA 6ª COXILHA DE CRUZ ALTA

1° Lugar: Troféu “O Carreteiro”
Vaga Para o Vento
Letra e música: Oacy Rosenhaim, Hermeto Silva e Beto Castelarim
Intérprete: Eraci Rocha

2° Lugar: Troféu “Érico Veríssimo”
Temporais
Letra e música: Helena Fontana e José Camargo
Intérprete: João Quintana Vieira e Grupo Parceria

3° Lugar: Troféu “Ana Terra”
Da Bíblia do Semeador
Letra e música: Aparício Silva Rillo e Odemar Gerhardt
Intérprete: César Lindemeyer e Grupo

4° Lugar: Troféu “Pedro Missioneiro”
História
Letra e música: Newton Bastos e Roberto Schaan Ferreira
Intérprete: Délcio Tavares

5° Lugar: Troféu “Bibiana”
Nazarenas Cantadeiras
Letra e música: Jaime Brum Carlos e Maurício M. da Silveira
Intérprete: Daniel Torres

PRÊMIOS

Melhor Intérprete: Délcio Tavares
Melhor Instrumentalista: Carlos Catuípe
Melhor Indumentária: Grupo Parceria
Música Mais Popular: Fandanguinho não, Fandangaço
Melhor Arranjo: Nazarenas Cantadeiras
Melhor Conjunto Vocal: Grupo Parceria