sexta-feira, 7 de maio de 2010

6ª Coxilha Nativista - 1986

Pesquisa e Reportagens: Rômulo Seitenfus
Fotos: Acervo Coxilha Nativista

A 6ª Coxilha Nativista iniciou com uma das mais fortes contribuições, até mesmo com o número de inscrições, que chegou a 416, superando os anos anteriores. O júri da pré seleção foi unânime em afirmar para a imprensa naquele momento que, a expectativa estaria depositada nas interpretações e que não havia dúvidas quanto à qualidade musical dos trabalhos inscritos. O alto nível musical estava garantido. A responsabilidade de manter um festival do porte da Coxilha Nativista em um nível cada vez mais elevado, estava sendo cobrada por boa parte da população. O evento havia alcançado um patamar e conquistado o cenário artístico-cultural até mesmo em âmbito internacional. A Comissão Executiva era formada por Fulvio Berwanger, Gilberto Dalla Nora, Luís Côrtes Véscia e o idealizador da 1ª Coxilha, Antônio Augusto Sampaio da Silva, o Baianinho, que volta a atuar no evento em que foi o criador. Desta vez como Coordenador da Programação da 6ª Coxilha. Na decoração, o palco evocou os primórdios lendários da fundação da cidade do Divino Espírito Santo, com um painel de acrílico (móvel), iluminado por trás, retratando a Lenda da Fundação de Cruz Alta, obra da artista plástica cruz-altense, Cida Camargo. Para a segunda noite, o painel abordou a Lenda de Anahí, a princesa guerreira. A terceira noite trouxe a Lenda da Lagoa do Cemitério e, na quarta, a mais famosa de todas: A Lenda da Panelinha. A criação dos demais componentes na decoração do palco, foram criados pelo engenheiro Nilo César Paula Araújo. No fundo, um verso de Jorge Nicola Prado: “Nativo é o que brota, livre, na terra que lhe gerou. É tradição... É memória... Consciência do que ficou!”O corpo de jurados foi composto por Glênio Fagundes, Sônia Abreu, Leopoldo Rassier, Sérgio Napp, Daniel Moralez, Doli Costa e Anildo Lamaison de Morais. A escolha do grupo de jurados foi atenção especial que todos dispensaram ao convite dirigido, e principalmente, a indiscutível capacidade e conhecimento que ambos possuem, e que exige o veredicto de um festival, como definiu naquele ano, o fotógrafo e jornalista da Revista Tarca, Tunde Munhoz: “De onde não se sai disco ruim”. A apresentação do evento foi muito bem conduzida pelo ator e comunicador da RBS TV naquele ano, Ubirajara Valdez e pela Comunicadora da Rádio Guaíba e Diretora do Departamento de Cultura da Assembleia Legislativa, Eunice Flores. Os shows de intervalo tiveram as apresentações dos artistas Sivuca, e do grupo que acompanhava a cantora Mercedes Sosa pelo mundo, o América Canta, além de Dante Ramon Ledesma, do Grupo de Danças Chaleira Preta e dos músicos Cenair Maicá, Pedro Ortaça, Dedé Cunha e Chaloy Jará.O Coordenador da Programação de Shows, Antônio Augusto Sampaio da Silva, manteve na noite de encerramento, o “Entrevero”, que reúne no palco todos os artistas musicais concorrentes do festival.“Vaga para o Vento” foi a grande vencedora.


Vencedora da 6ª Coxilha Nativista – 1986

Vaga Para o Vento – Eraci Rocha
Letra e Música: Oacy Rosenhaim, Hermeto Silva e Beto Castelarim

Vê bem esse vento gelado que passa
Que sopra fumaça e verga o tarumã

Que é puro selvagem
E marca passagem
Cortando até alma
Nas frias manhãs

Escuta essa voz e reflete contigo
Nesse canto antigo de falas divinas
Que corta as coxilhas
Embala as flexilhas
E assusta até o flete agarrando suas crinas

De onde virá?
Qual será seu destino?
Gaudério e peatino
Sem rumo e sem trilha
Trará na memória
Por rastro de história
As patas do tempo pingaço que encilha
O que terá visto?
O que irá presenciar?
No seu galopar por planuras e montes
Trará em sua mala esvoaços de pala
Ou negras mortalhas de trás do horizonte
Ouviste esse grito tão velho e sofrido
Se ora aguerrido ora triste profundo

Nas vezes sem conta que nuvens reponta
Rever o padrinho pros duelos do mundo

O vento minuano é que inspiro esta vaga
Que varre essas quadras

Nas frias manhãs
Que é puro selvagem
Que marca passagem
Soprando a fumaça a vergar tarumã


DISCO



LADO A

Vaga Para o Vento – Eraci Rocha
Letra e Música: Oacy Rosenhaim, Hermeto Silva e Beto Castelarim

Tempo Novo – Ivonir Machado
Letra e Música: Helena Fontana e Miguel Tadeu D. Marques

Temporais – João Quintana Vieira
Letra e Música: Helena Fontana e José Camargo

Da Bíblia do Semeador – César Lindemeyer
Letra e Música: Aparício Silva Rillo e Odemar S. Gerherdt

Assim no Más – Clemar Guglielmi
Letra e Música: Ubirajara Raffo Constant e Francisco Alves

Mulato Serafim – Wilson Paim
Letra e Música: Paulo Silveira, Rubens Fialho e Wilson Paim


LADO B

Fandanguinho Não, Fandangaço- David Menezes Jr. e João de Almeida Neto
Letra e Música: Nilo B. de Brum, Luiz Bastos e Maria Luiza Benitez

Milonga de Um Combate no Cárcere – Ivo Fraga
Letra e Música: Jaime Vaz Brasil e Sérgio Rojas

Nazarenas Cantadeiras – Daniel Torres
Letra e Música: Jaime Brum Carlos e Maurício M. da Silveira

Toada do Peão Solito – Miguel Tadeu D. Marques
Letra e Música: Miguel Tadeu D. Marques e José Ataides Sarturi (Nenito)

Coxilha e Milonga – João de Almeida Neto
Letra e Música: Jorge Nicola Prado, Miguel Tadeu D. Marques e Juliano Trindade

História – Délcio Tavarres
Letra e Música: Newton Bastos e Roberto Schaan Ferreira


VENCEDORAS DA 6ª COXILHA DE CRUZ ALTA

1° Lugar: Troféu “O Carreteiro”
Vaga Para o Vento
Letra e música: Oacy Rosenhaim, Hermeto Silva e Beto Castelarim
Intérprete: Eraci Rocha

2° Lugar: Troféu “Érico Veríssimo”
Temporais
Letra e música: Helena Fontana e José Camargo
Intérprete: João Quintana Vieira e Grupo Parceria

3° Lugar: Troféu “Ana Terra”
Da Bíblia do Semeador
Letra e música: Aparício Silva Rillo e Odemar Gerhardt
Intérprete: César Lindemeyer e Grupo

4° Lugar: Troféu “Pedro Missioneiro”
História
Letra e música: Newton Bastos e Roberto Schaan Ferreira
Intérprete: Délcio Tavares

5° Lugar: Troféu “Bibiana”
Nazarenas Cantadeiras
Letra e música: Jaime Brum Carlos e Maurício M. da Silveira
Intérprete: Daniel Torres

PRÊMIOS

Melhor Intérprete: Délcio Tavares
Melhor Instrumentalista: Carlos Catuípe
Melhor Indumentária: Grupo Parceria
Música Mais Popular: Fandanguinho não, Fandangaço
Melhor Arranjo: Nazarenas Cantadeiras
Melhor Conjunto Vocal: Grupo Parceria


4 comentários:

  1. Melhor intérprete foi, sem dúvida, Eraci Rocha!
    Que grande!

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  2. Melhor edição da Coxilha em todos os tempos!

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  3. Que bacana achar essa notícia. Olha eu na foto junto com o Eracy!

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  4. Saudades. Toquei na primeira música do sábado a noite. Emocionante foi ver casais apaixonados dançado à interpretação de Eraci na final, Vaga Para o Vento.

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