segunda-feira, 31 de maio de 2010

12ª Coxilha Nativista - 1992


Pesquisa e Reportagem: Rômulo Seitenfus
Fotos: Acervo Coxilha Nativista

Vinte minutos! Este foi o tempo em que o Grupo Internacional de Danças Chaleira Preta prendeu a atenção do público na abertura da 12ª Coxilha Nativista. O ano era 1992 e os bailarinos cruz-altenses já haviam conquistado boa parte do mundo. Os artistas que dançaram até na derrubada do Muro de Berlim para distrair o povo do medo, estava naquele momento provocando o público de um dos maiores festivais de música do Rio Grande do Sul. No palco, o elenco era composto por Regina Célia Tanski, Cariziane Ramos Moreira, Pascale Chaise da Veiga, Larissa Moura Beck, Mariângela Dutra, Hiliara Ferreira, Elisete Lopes, Luciano Moura Beck, Alcides Reis Braga, Fausto Scholze, Vladimir Colombelli e Gilson Agert. Carmem Anita Hoffmann, também diretora artística da 12ª Coxilha Nativista, coreografou os passos que tornaram mágica a 12ª edição do evento. A apresentação de abertura teve uma trilha sonora exclusiva.
Nesse ano, foram introduzidas no palco para cada música concorrente, elementos cênicos ilustrando as canções. Para esse trabalho, a diretora Carminha Hoffmann contou com a colaboração da teatróloga Giane Ries e assessoramento de Vladimir Colombelli, além dos artistas e bailarinos Dulce Jorge, Carlise Pereira, Cristiane Trindade, Gustavo Rocha, Franciele Souza, Bruna Schwertz e Caren Borges.
Era o último ano daquela gestão municipal do prefeito de Cruz Alta Fúlvio Berwanger, que teve como Secretário de Turismo, Desporto e Cultura, o senhor Lídio Schröder. O Ginásio Municipal esteve lotado e das nove canções que foram apresentadas na primeira eliminatória, “Reflexão”, interpretada por Maria Helena Anversa, foi a música concorrente que conseguiu deixar os presentes em pé naquela noite. “Tio Cumpadre” com os “Garotos de Ouro” mexeu muito com o público. O nível musical, no geral, foi considerado bom. “Guerrinha de Giz”, interpretada por Antonio Gringo, que retrata a crise do magistério no governo, ao contrário do que era esperado, manteve o público apático. A primeira eliminatória encerrou a meia-noite, mas o público permaneceu assistindo ao show de “Os Angueras”.
“Procissão”, com letra de Jaime Vaz Brasil e música de Vinícius Brum, na interpretação do Grupo Tambo do Bando, de Porto Alegre, foi a grande vencedora da 12ª Coxilha. Essa música de cunho religioso que fala de fé, foi anunciada como a vitoriosa somente por volta das 3hs da manhã e, nem mesmo o tardar da madrugada impediu a espera do público pelo resultado. O Ginásio Municipal Dr. José Westphalen Corrêa permaneceu lotado. O segundo lugar ficou para “Uma Tarde no Corredor”, música fronteiriça que resgata os valores campeiros. E, em terceiro lugar, o júri optou por “Quem Dá Mais” com Daniel Torres, uma forma de canto ao Taim, com letra de José Fernando Gonzales e Talo Pereyra e Vinícius Brum. De fato, foi a Coxilha mais longa da história. O público não queria deixar o Ginásio Municipal.

O Disco



PAISANO SOU – Lúcio Yanel
REFLEXÃO – Maria Helena Anversa
ZAORIS – Maria Luiza Benitez
PROCISSÃO – Grupo Tambo do Bando
TÁ RELAMPEANDO – Angelino Rogério
À PROCURA DO TEINIAGUÁ – Fátima Gimenez e Léo Almeida
UMA TARDE NO CORREDOR – José Cláudio Machado e Elton Saldanha
QUEM DÁ MAIS – Daniel Torres
GENUÍNO – Adilson Moura
FULANOS E CICRANOS – Neto Fagundes e Bebel Alves



O Grupo Internacional de Danças Chaleira Preta realizou a abertura do Festival

Pemiações:

1º LUGAR: Procissão – Jaime Vaz Brasil e Vinícius Brun; Grupo Tambo do Bando

2º LUGAR: Uma Tarde no Corredor – José Cláudio Machado e Elton Saldanha.

3º LUGAR: Quem Dá Mais – José Fernando Gonzáles, Talo Pereyra, Vinícius Brum; intérprete Daniel Torres.


Vencedora da 12ª Coxilha Nativista - 1992

Procissão – Grupo Tambo do Bando
(Jaime Vaz Brasil - Vinicius Brum)

A multidão caminhante
A multidão transpirante
Desfiamos o rosário nos degraus deste calvário
Exortamos heresias e depois na romaria
Enjaulamos a cadeado alguns dos nossos pecados

Oh! E a nossa prole crescente
Aguardamos impacientes
Que desponte um milagreiro
Em meio a tantos desejos

Que através das oferendas
Por um tempo de remendam
A nossa alma ruída
Pelas agruras da vida

Sabemos
Que apesar das liturgias
A fome nos segue há dias
Que apesar das benzeduras
Estamos longe da cura
Que apesar dos sacramentos
Mantemos nossos tormentos

Também sabemos que a fé
Às vezes balança
Na gangorra da esperança

Mas acreditar é preciso
E por isso seguimos
Em nossa estrada
Pois todos sabemos
Que alem da fé
Não temos mais nada

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