sexta-feira, 12 de novembro de 2010

15ª Coxilha




15ª Coxilha

Pesquisa e Reportagem: Rômulo Seitenfus
Fotos: Acervo Coxilha Nativista

Mil novecentos e noventa e cinco! O mundo comemorava um século de cinema e as novas tecnologias avançavam. O Windows 95 era lançado e com ele a chegada da internet conectava o Rio Grande do Sul com o restante do mundo. O evento Coxilha Nativista era esperado com uma grande festa de 15 anos. Um concurso de todas as campeãs da história do festival convidaria as vencedoras das 15 edições anteriores para subirem ao palco mais uma vez para escolher a melhor das melhores. Os discos do festival estavam perdendo um pouco da sua popularidade já que haviam sido produzidos em formato de vinil. O Compact Disc, CD, tomara conta do mercado e as rádios estavam encontrando dificuldades para reapresentar as canções álbuns antigos.
O Prefeito Municipal Nilton Homercher e o Secretário Antônio Augusto Sampaio da Silva haviam aumentado a infraestrutura no Parque de Exposições.
“Sonho de Estradeiro” foi a grande vencedora daquele ano. O talento de João de Almeida Neto - que emocionou-se ao cantar a milonga - aliado a harmonia do grupo que defendeu a grande vencedora, foi o diferencial que salvou os jurados da difícil tarefa de escolher a melhor.
Após 11 anos, a polêmica “Morocha” voltou ao palco da Coxilha em nova versão, novamente abrindo polêmica. O público, que esperava pela “Morocha” original com David Menezes, ficou frustrado. Alguns dos jurados, por sua vez classificaram de inteligente a ideia dos autores de mudar a letra mas a maior parte do público não defendia, embora havia uma parcela que aprovou a inovação.
Os autores de Morocha estavam acostumados a provocar polêmica com esta obra. Anteriormente, quando apresentaram a primeira versão, onze anos antes, arrancaram uivos e aplausos do público que se dividia. A música que tratava de machismo e feminismo, deu o que falar na mídia nacional. O programa “Fantástico”, da Rede Globo, levou o assunto para o país. Novamente causando polêmica, os autores de “Morocha” a trouxeram na versão “Morocho”. Os criadores da música mais comentada de toda a história do festival, defenderam-se para a mídia no ano da 15ª Coxilha: “No início queríamos quebrar a carranca do nativismo. Já na sua versão “Morocho”, o objetivo é manter a coerência histórica de apresentar uma composição polêmica. A “Morocha”, para ser coerente consigo mesma tem que ser renovada. A mera representação não tem sentido e a grande inovação foi quebrar as regras do festival com uma nova letra”, explicaram os autores à imprensa local.
Interpretada por Beto Pires, “Morocho” ficou de fora do CD que mostra as melhores canções que participaram das 15 edições. Isso porque a nova roupagem não fora muito bem aceita – o intérprete Beto Pires vestiu-se de prenda usando peruca – e por ser uma música inédita, contrariando o regulamento. Das 20 músicas que subiram ao palco do festival, somente 19 fizeram parte do disco.
- Pó do Pampa;
- Bailanta;
- Bailanta do Tio Flor;
- De Já Hoje;
- Fim de Mês;
- Segredos do Meu Cambicho;
- Farrapos;
- Vento Norte;
- Rastreando Um Sonho;
- Terra Saudade;
- Léguas de Solidão;
- Morando;
- O Vento e o Payador;
- Cismas;
- Procissão;
- Uma Tarde No Corredor;
- O Homem Que Esqueceu de Deus;
- Vaqueano;
- De Barro e Pó.

Uma milonga interpretada por Dorothéo Fagundes, foi a grande vencedora da Coxilha das Coxilhas”. O resultado do festival, aplaudido pelo público, foi anunciado por volta das 02hs da madrugada de domingo. O ginásio manteve-se cheio até o último minuto. Mesmo causando polêmica, David Menezes foi a grande atração na final de domingo. Ele chegou de surpresa interpretando a verdadeira “Morocha” e outros consagrados sucessos, saiu do palco que o revelou no meio nativista. O público aprovou e a música foi apresentada duas vezes. Como era esperado, durante a apresentação de uma de suas músicas, Menezes fez uma crítica em tom de brincadeira aos “gaúchos gays” que estariam invadindo o festival. O público considerou a apresentação de David Menezes um show a parte das competições, garantindo o sucesso do evento.




Disco da 15ª Coxilha Nativista – 1995

(O Disco)

Segredos do Meu Cambicho – Dorotéo Fagundes
(José Athanásio Borges Pinto – Dorotéo Fagundes)

Vento Norte – Eraci Rocha
(Dirceu Alves Abrianos – Airton Pimentel)

Bailanta – Luiz Carlos Borges e Nenito Sarturi
(Nenito Sarturi – Luiz Carlos Borges)

Bailanta do Tio Flor – Elton Saldanha
(Elton Saldanha)

Vaqueano – Léo Almeida
(Mauro Marques – Dado Jaeger)

Fim de Mês – Cezar Passarinho
(Mauro Moraes – Juliano Trindade)

Terra Saudade – Adilson Moura
(Horacio Côrtes – Milton Magalhães)

Cismas – Neto Fagundes
(Mauro Moraes)

O Homem Que Esqueceu de Deus – Chico Saratti
(José Fernando Gonzales – Talo Pereyra)

De Barro e Pó – Jorge Freitas e Os Boca Braba
(Jorge Nicola Prado – Edson Macúglia)

Pó do Pampa – Os Lendários
(Luiz Carlos Miranda Batista – Odemar Gehardt)

O Vento e o Payador – Léo Almeida
(Jaime Caetano Braum – Talo Pereyra)

Léguas de Solidão – Luiz Carlos Borges
(Humberto Gabbi Zanatta – Luiz Carlos Borges)

Farrapos – Miguel Marques
(Nenito Sarturi – Miguel Marques)

De já Hoje – Adair de Freitas
(Adair de Freitas)

Procissão – Vinicius Brum
(Jaime Vaz Brasil – Vinicius Brum)

Rastreando Um Sonho – Angelino Rogério
(Luiz Onério Pereira – Angelino Rogério)

Morada – Eraci Rocha
(Sérgio Napp – Fernando Cardoso)

Uma Tarde no Corredor – Jorge Guedes e Grupo Raízes
(José Sampaio da Silva – Elton Saldanha)



As Classificadas da Coxilha das Coxilhas:
Vencedores da 15ª Coxilha Nativista:

1° Lugar: Segredos do Meu Cambicho – Letra e Música de Athanásio Borges Pinto e Dorotéo Fagundes. Intérprete: Dorotéo Fagundes
2° Lugar: Vento Norte – Letra de Dirceu Alves Abrianos Música de Airton Pimentel Intérprete Eracy Rocha
3° Lugar: Bailanta do Tio Flor – Letra de Nenito Sarturi Música de Luís Carlos Borges Intérprete Luís Carlos Borges e Nenito Sarturi
Música Mais Popular: Bailanta do Tio Flor
Melhor Instrumentalista: Marcos Hungaretti
Melhor Intérprete: Eraci Rocha

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