sábado, 13 de novembro de 2010

Eles Fizeram Coxilhas


O atual Secretário da Cultura Alex Della Mea, coordenador das comemorações da 30ª edição da Coxilha Nativista, o ex-prefeito Luiz Pedro Bonetti, o ex-prefeito Fulvio Berwanger, que foi o responsável pelas comemorações da 10ª edição, a ex-Secretária de Cultura, Desporto e Turismo Marlene Bortoli Soares, que organizou as comemorações da 20ª edição na gestão de Bonetti.



Texto e Foto: Rômulo Seitenfus

Prefeitos e secretários reúnem-se nesta reportagem para relembrar os tempos de organização. Fulvio Berwanger, Marlene Bortoli Soares, Alex Della Méa e Luiz Pedro Bonetti, divertem-se ao memorar as pérolas e acontecimentos marcantes frente aos cargos que exerceram. O Secretário da Cultura, Alex fala dos desafios de organizar o festival nos dias de hoje. Marlene relembra com carinho o prazer de ter dirigido o maior evento cultural de Cruz Alta e conta cenas engraçadas. Fulvio cita grandes nomes do cenário cultural. Bonetti relata fatos, como a entrevista a um repórter curioso que perguntava sobre a origem do nome COXILHA.

Era uma noite chuvosa quando conversei com prefeitos e secretários que organizaram Coxilhas. A convite do Jornal Estilo, eles compareceram ao salão de festas do jornal, localizado no Rancho RB da Vila Ferroviária de Cruz Alta. O motivo, reunir histórias inusitadas. O barulho da chuva parecia acariciar o telhado. O ambiente era perfeito para a noite que traria cenas de 29 edições do festival nativista.
Fulvio Berwanger, além de fazer parte da Comissão Social, esteve à frente da organização como prefeito Municipal. Foi na comemoração dos dez anos do evento que Berwanger dirigia o seu mandato. Emocionado, expressa a alegria de ver o festival chegar à sua 30ª edição sem interrupções. Fulvio, que é proprietário de uma empresa gráfica que imprime materiais de divulgação, conta que também teve sua participação como empresário.
- Relembrar o passado vivido na edição de número 30 da Coxilha Nativista é algo que vem a emocionar, pois ter participado da história do evento como coordenador e desempenhar um trabalho precursor como empresário gráfico na elaboração e edição da Revista da Coxilha durante sete edições, é sinônimo de satisfação e orgulho – expressa.
Ressalta que teve uma grande colaboração de vários intérpretes de renome no cenário nativista que contribuíram com matérias e opiniões para o desfecho da revista como Paixão Cortês, Odília Camargo e Aparício Silva Rillo. Também enfatiza que nas primeiras edições da Coxilha Nativista acontecia as Tertúlias realizadas nas baias do Sindicato Rural.
- Eram cobertas com folhas de coqueiro. Em dias chuvosos era uma barra! – conta.
Fulvio relata os investimentos que realizou no Parque de Exposições.
- Em grande importância para a firmação do evento no município, a 8ª edição veio a marcar com a contribuição da construção do maior pavilhão do Parque de Exposições, que por todos esses anos foi possível manter as atividades lá fora – relembra.
Marlene Bortoli Soares, que foi Secretária de Cultura, Desporto e Turismo na gestão do prefeito Luiz Pedro Bonetti, organizou as comemorações dos 20 anos do festival. Relembra que quando esteve à frente dos trabalhos de coordenação da Coxilha, não tinha um grande conhecimento sobre o nativismo e tradicionalismo e que esta oportunidade lhe trouxe um bom aprendizado do cenário tradicionalista. Uma das mais marcantes e atuantes secretárias da história do festival, Marlene acredita que os maiores shows da Coxilha são as canções apresentadas no palco através dos artistas, e que a emoção de ver intérpretes e compositores do estado que contam a história da nossa terra, vem a ser mais relevantes ainda. A Secretária conta uma passagem divertida, digna de ser relatada nessa reportagem.
- Certa ocasião foi realizada uma parceria com a empresa de cerveja Kaiser, que patrocinou o festival. Para que ela fosse a fornecedora exclusiva de bebidas durante o evento, era preciso comercializar somente cervejas da marca. Só que havia uma dificuldade muito grande, pois na época ela era conhecida somente pelo seu garoto propaganda, o famoso “Baixinho da Kaiser”, que inclusive foi presença no festival. A bebida não tinha uma grande comercialização na cidade, mas para surpresa até mesmo do patrocinador, o frio que sempre foi característica forte do festival por se realizar sempre no inverno, naquele ano sumiu! O clima mudou e um calor tomou conta dos dias. O consumo de cerveja gelada foi grande e o estoque de bebidas esgotou-se antes do término do evento que, a empresa teve de solicitar aos mercados da cidade para abrirem no domingo - fato que não ocorria naquela época - para que fosse reposto o estoque de bebidas da Coxilha (produtos apenas daquele patrocinador). Acredito que a partir desse momento o pessoal da cidade se familiarizou mais com a marca da bebida – diverte-se Marlene.
O ex-prefeito Luiz Pedro Bonetti comenta que a Coxilha Nativista já estava na sua 2ª década quando ele esteve frente da gestão municipal e que o evento já havia se consolidado como um marco no cenário cultural do município. Ele traz a importância da Coxilha para a cidade e a compara ao saudoso Erico Verissimo, importante figura da história cultural.
Com brilho nos olhos e um sorriso no rosto, Bonetti relembra a história de entrevista a um repórter curioso.
- Um acontecimento ocorreu na 19ª edição. Um repórter de uma rádio da região de Bagé em uma entrevista que concedi a ele, quis saber o porquê do nome “Coxilha”. Na pergunta levantou a questão de que o nome não teria relação com música. Então respondi ao repórter que a Coxilha tem a ver com a lida de campo, pecuária, agricultura, produção, que o chão, a terra e o solo significam Coxilha e que o chão fecundo de Cruz Alta representa o nativismo. Essa foi a resposta para aquela ocasião. O nome Coxilha Nativista que parece não ter nada a ver com o evento aparentemente, é um festival de canção com um nome profundamente ligado à terra, respondi ao repórter – conta Bonetti.
O mais jovem de todos, o atual Secretário Alex Della Méa, participou como espectador de todas as edições do festival. Aos 13 anos foi assistir pela primeira vez no Cine Rio em 1981. Desde lá nunca mais deixou de ir aos festivais, mas não imaginava naquele ano, que estaria organizando as comemorações da 30ª edição. Relembra de ter visto grandes cantores e compositores gaúchos se consagrarem e muitos que surgiram na Coxilha Nativista, alguns na Coxilha Piá, como Renato Borghetti, Neto Fagundes, João de Almeida Neto, Miguel Marques, entre outros.
Alex cita a Coxilha como um dos principais eventos nativistas do estado. Para o atual Secretário de Cultura de Cruz Alta, foi importante o fato de nenhum dos organizadores terem deixado morrer o festival. Houveram diferenças políticas e partidárias e nem mesmo isso foi motivo de interrupção, a contrário de outros festivais nativistas. Salienta que esta 30ª edição está sendo marcada por um encontro de gerações.
- Nesta edição temos músicos que estiveram há muitos anos na sua primeira Coxilha, além de jovens talentos que buscam ingressar no cenário musical, como uma criança de apenas cinco anos de idade, que nesse ano sobe ao palco da Coxilha Piá – fala o atual secretário.

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